A concepção de criança que temos na atualidade nem sempre perdurou por todo o período da existência da humanidade. Na verdade, os seres infantis já foram tidos como semelhantes aos adultos e, portanto, tratados como tais.Hoje irei trazer o referencial teórico mais adequado para este tipo de discussão. O historiador francês Philippe Ariès traz com clareza três grandes momentos da história da humanidade que demarcam as distintas concepções de infância.
A análise feita por Ariès problematiza como o conceito de infância se deu nas construções sociais de três períodos históricos: na Antiguidade, no século XIII ao século XVIII e no século XVIII a atualidade. No primeiro período, segundo ele, a criança era considerada um adulto em miniatura por não haver distinção entre o mundo adulto e o mundo infantil, ou seja, a criança se “ingressava na sociedade dos adultos”. No segundo período, conforme evidencia o teórico, ocorreu uma mudança na perspectiva de criança. Agora, a sociedade passa a prezar pela inocência da mesma, portanto, a separa da vida dos adultos ao enclausurá-la na instituição escolar sob vigia dos preceptores (professores). Por fim, o terceiro período é caracterizado pela consolidação do conceito de infância. Ariès destaca que, neste período, a criança começa a ocupar o lugar central da família devido a ligação da mesma com a figura dos anjos que são tidos como eres puros e divinos.
Diante desta exposição vale agora refletir: Será que as crianças da atualidade estão resgatando os atos daquelas que viveram durante o século XVIII? Podemos observar que, de certo modo, a infância passa a adquirir características semelhantes a concepção que perdurou até o século XVIII. Afinal, as crianças de hoje passam a se comportar, vestir e viver de acordo com o mundo adulto. Mas, de onde vem este resgate? Da mídia?
Pouco sei responder, mas digo que, assim como os aparatos multimidiáticos surgem para ajudar a desenvolver omodo de vida humano também surgem para quebrar com a inocência das crianças. Colocar as crianças em condições de adultos ao ter acesso a conteúdos do mundo de seus pais, as propicia o contato com o “país das mercadorias” e com a “terra do consumo” fazendo delas pequenas consumidoras. Eis a lógica capitalista, corrompe “menores”, aliena a todos e se coloca como única alternativa de sobrevivência da espécie humana.
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