Antes de tudo, é importante deixar clara a diferença entre birra e má-criação. Birra é uma manifestação de cansaço, teimosia, desagrado, que chega acompanhada normalmente de choro e grito. A má-criação é quando a birra entra no campo da falta de educação e de respeito com os pais ou mesmo com outros adultos.
Birra é quando uma criança não quer ir tomar banho, por exemplo, e faz bico, chora, faz corpo mole, não responde e até se atira no chão. É malcriada se nesse momento usa um xingamento, mostra a língua, fala desaforos e até mesmo agride com tapas e mordidas. Enquanto a insatisfação é um dos grandes fatores desencadeantes das birras, a falta de limites é o grande vilão da má-criação.
Se uma criança cresce fazendo tudo o que quer, se tudo é permitido sempre, se achamos graça nos primeiros sinais de falta de respeito e não corrigimos, estaremos criando, ou melhor, criando mal esse pequeno, que terá certeza de que suas vontades são soberanas e o sentimento do outro não existe.
Birra a gente controla, contorna, tolera, mas má-criação não e nunca! E como é que se previne? Educando, educando, educando! E como que se combate? Educando, educando, educando! E como? Amando muito, mas fazendo com que a criança perceba que existe, a sua volta, um padrão de comportamento e de relacionamento entre as pessoas. Deixando bem claro o que é permitido, aceitável, correto e bonito e que o contrário parecerá simplesmente descabido.
A criança aprende o que vê e assim o exemplo vem antes do discurso, que terá o seu lugar nas repetidas vezes em que conversamos e ensinamos o que pode ou não pode, que deve ou não deve, que é “feio” ou não!
O nosso filho é com certeza o centro do nosso mundo, mas temos que ter um imenso cuidado para prepará-lo para dividir este mundo e fazer parte de um grupo, que chamamos de sociedade, que tem padrões e valores a serem seguidos. Esse grupo começa na família e ele não entenderá se for aplaudido em casa e depois for rejeitado fora dela.
A maior tarefa do amor é a criação. A educação que proporcionamos, os valores que passamos, os nãos que damos, sinalizando o caminho bom e correto.
Achamos graça quando uma criança nos surpreende e até nos coloca em saia justa quando, com sua espontaneidade, fala alguma coisa para alguém que não deveria, como o netinho que ao ver a avó se maquiar pergunta: “Vovó, se isso é pra você ficar mais bonita, por que não fica?” Mas, se ao ser abordado por essa avó, ele diz que ela é feia apenas para agredi-la, isso não deve ser permitido.
Muitas vezes, a criança é pequena demais para um longo discurso sobre modos e maneiras, mas pode entender sempre a forma negativa ou positiva com que reagimos a suas atitudes. Se por timidez, se esconde e não dá olá para os outros, ensine. Se não quer dar olá porque não vê a importância nos cumprimentos, reforce. Se levanta a mão querendo bater em alguém que vai cumprimentá-la, castigue.
O bonito não é o fato de a criança entrar numa sala e cumprimentar a todos só porque é uma regrinha social. O bonito é perceber que é importante e gostoso ser gentil com os outros da mesma forma que gostamos que sejam conosco. É esse olhar de correspondência, de respeito mútuo, que nos faz entender que somos iguais aos outros e ao mesmo tempo nos permite ser tão diferentes deles.
Lembramos que os temperamentos têm que ser respeitados, mas vale ressaltar que a educação vale para todos e sempre. Ela é a chave mestra para todas as situações da nossa vida inteira.
Birra é coisa de criança, mas criança malcriada deve a culpa e a responsabilidade aos adultos!
Joazinho Trinta, carnavalesco, numa entrevista sobre seu trabalho social com crianças, disse uma frase que quero dividir com vocês: “Difícil não é colocar uma criança no mundo. Difícil é colocar o mundo dentro da cabecinha de uma criança!”
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