Lenda da caipora

Nas rodas formadas a noite, ao redor de uma fogueira, sempre tem um violeiro e um contador de histórias. O contador toma a palavra e já sabe qual é a história desejada. Todos se encolhem assustados pelos relatos que vão ouvir, mas ninguém arreda pé dali. O contador começa sua história assim: desde muito tempo atrás, existe nas redondezas uma criatura peluda e feia que faz muitas malvadezas. Muitos acreditam que ele seja baixinho, gordinho e muito mau. Já outros discordam e juram que é um gigante, peludo e que ele nunca sorriu. Mas todos concordam que igual a ele não há, que ele vive a correr nas matas e é meio homem, meio macaco... sei lá! O nome dele dá até medo de falar! É Caipora e quem o viu tem receio de contar. Durante as noites e tardes chuvosas ele surge de repente a cavalgar num porco-do-mato. Aparece bem na frente dos viajantes pedindo fumo ou cigarro de palha para pitar. E ai de quem recusar! Os pobres dão o fumo tentando desviar o olhar, se puder fecham os olhos sentindo um arrepio. Com a entrega do pedido, o Caipora malvado entra nas matas sobre o lombo do porco-do-mato e desaparece em disparada. Os viajantes seguem a trilha conformados com seu pesar. Diz a lenda que quem vê o cabloco peludo nunca mais terá sorte e viverá cercado de azar.