A principal dificuldade no diagnóstico precoce dos transtornos de aprendizagem – uma dificuldade que atrapalha na alfabetização – está justamente na identificação. O que pode ser uma dislexia ou alguma outra condição física ou mental é facilmente confundida com preguiça, falta de atenção. Por estarem dia a dia com as crianças, os professores geralmente são os que primeiro percebem que algo está errado.
“Crianças que apresentam alterações de fala têm, no geral, mais dificuldades de comportamento, tais como hiperatividade e problemas de conduta”, explica a fonoaudióloga Irene Marchesan, presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. “As alterações de fala e de linguagem estão relacionadas aos problemas de alfabetização, às habilidades em leitura e escrita, à capacidade de soletração, dentre outras habilidades escolares. Além dos efeitos negativos sobre a alfabetização, as alterações de fala e linguagem podem trazer prejuízos a aspectos educacionais gerais e até mesmo ocupacionais”, completa.
Mas para que percebam estas alterações é preciso haver informação ao professor. E é aí que entra o papel do fonoaudiólogo nas escolas. “Nosso trabalho tem se expandido e voltado para as questões educacionais e não apenas dentro dos processos de aquisição e leitura e escrita ou métodos mais facilitadores no ambito clínico, mas no sentido de desenvolver programas pedagógicos. O fonoaudiólogo pode trabalhar em conjunto com o professor de forma que possa proporcionar resultados melhores”, diz o fonoaudiólogo Jaime Zorzi, especialista em crianças com dificuldade de aprendizado e autor de um livro sobre a dislexia e outros tipos de transtornos relacionados com a dificuldades de aprendizado.
Segundo a fonoaudióloga e psicopedagoga Telma Pantâno, é comum encontrar nas escolas dificuldades de inclusão devido ao desconhecimento dos processos cognitivos e linguísticos que envolvem estas patologias. “Este suporte, orientação e planejamento educacional pode ser discutido e integrado conjuntamente com a atuação fonoaudiológica”, destaca.
Fonoaudiologia educacional
Zorzi explica que a fonoaudiologia educacional é uma especialidade nova dentro da fonoaudiologia voltada para as questões do ensino e da aprendizagem. “Tentar compreender o aluno, por que não aprende, com foco no professor para que ele tenha uma condição mais propícia na hora de ensinar.
Eles expicam que atualmente o papel do fonoaudiólogo no âmbito escolar envolve aspectos preventivos e intervenções com a equipe pedagógica visando o desenvolvimento das habilidades relacionadas a linguagem oral e escrita e, sobretudo, o desenvolvimento de aspectos cognitivos, linguísticos e metalinguísticos necessários para esse desenvolvimento. É importante enfatizar os conhecimentos mais atuais que as neurociências tem contribuído para essas aquisições e a visão clara das diferenças entre desenvolvimento e aprendizagem dessas funções no contexto educacional.
Estes três especialistas estarão falando mais sobre o assunto durante o Congresso Educar Educador 2012. Com o tema “Família, Sociedade e Escola: onde pretendemos chegar?”, a 19ª edição da maior feira sobre educação da América Latina acontece em São Paulo, com início dia 16 (quarta-feira). A palestra “Desenvolvimento da Aprendizagem e da Comunicação Oral e Escrita: o Papel do Fonoaudiólogo Educacional” acontece na quinta-feira (17).
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