O escritor Fabrício Carpinejar é autor de livros premiados e sabe lidar como ninguém com as palavras. O que poucos sabem, porém, é que ele sofreu com notas baixas quando era criança, mas conseguiu deslanchar com a ajuda da mãe, a poetisa Maria Carpi, que nunca desistiu do filho e o manteve na escola, apesar de a professora ter dito que o então menino não ia se alfabetizar.
“Tudo que sai do padrão é um problema. No meu caso, tenho esse rosto abobado e chegaram a pensar em retardo. Fiz vários eletroencefalogramas, vivia com a cabeça cheia de massinha por conta dos eletrodos. Eu não era distraído, como parecia. Na verdade, eu era muito concentrado. Minha mãe nunca aceitou os diagnósticos, porque diagnóstico não é destino, é retrato provisório. Em casa, montava quebra-cabeça de palavras e ia me ensinando com paciência. Alfabetizar não é parto cesárea, e sim parto normal. Eu só tirava nota ruim, mas com a ajuda de minha mãe, comecei a me sair muito bem. Acho que meu caso é de superação e de vingança pelo amor. Minha relação com as palavras hoje é visceral e faminta, elas chegam como melodia”, conta o escritor, que lança em junho o livro “Ai, Meu Deus, Ai, Meu Jesus”, com crônicas sobre sexo.
Casos como o de Carpinejar são comuns, porém, muitas histórias não têm um final feliz como a dele. Antes de se dedicar à vida acadêmica, a professora Margareth Brainer trabalhou por treze anos com educação básica e viu muitos alunos amargando notas baixas. Mas, é possível reverter o quadro e afastar o fantasma da reprovação, afirma a especialista.
“A escola não pode esperar o final do ano. É possível identificar desde cedo que o aluno não vai bem. E, na maioria dos casos, isso não tem nada a ver com distúrbio de aprendizagem, que é outra coisa. A instituição tem como tomar a situação como desafio, e não desistir do aluno. A solução é investir em estratégias como tarefas diferenciadas, aulas no contraturno, acompanhamento mais intenso das crianças e apoio da família. Infelizmente, o que se vê são os estudantes jogados à própria sorte. Mas, não podemos culpar só os professores. Já ouvi relatos de docentes com o coração partido, porque tinham cinco alunos com notas ruins e não tinham tempo ou estrutura para ajudá-los. As ações devem ser conjugadas, não vejo possibilidade de mudança sem isso”, conta Margareth, que é mestre em Psicologia Cognitiva pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutoranda na Faculdade de Educação da UFRJ.
A psicopedagoga Teresa Andion também acredita que os alunos com dificuldade devem receber atenção especial das escolas e da família. “A instituição não pode dizer que o problema não é dela, e nem os pais jogarem a culpa no colégio. A dificuldade de aprendizagem é um processo provocado por fatores internos e externos. Se a criança não está bem em casa, ela vai mal na escola, e vice-versa. É importante a parceria da família com o professor para melhorar o desempenho das crianças e deixá-las mais felizes”, diz a especialista, que é mestre pela Universidade São Marcos (São Paulo) em Psicologia do Desenvolvimento Humano e Processos Ensino-Aprendizagem.
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