Mário Klettemberg
Na última sexta-feira (10/05 ) em assembleia na Avenida Paulista em São Paulo, mais precisamente no vão livre do MASP, de forma desrespeitosa, a direção majoritária do sindicato dos professores – APEOESP – anunciou o final da greve iniciada em 19 de abril. Apesar da grande maioria dos presentes, optarem pela continuidade da greve, a presidenta do Sindicato anunciou resultado contrário ao deliberado pela assembleia, promovendo e provocando muita indignação.
Infelizmente, não conseguimos que os itens da pauta de reivindicações fosse atendida pelo governo, o que nos deixa muito chateados e preocupados, pois o governo sinaliza que não medirá esforços para não nos atender.
Infelizmente, mais uma vez, grande maioria dos professores ainda não conseguiu entender que as possibilidades de vitória, só se dão com a participação conjunta, nos atos, assembleias regionais e estaduais, enfim tomando as ruas para denunciar o descaso com a educação pública no estado. Não é na sala dos professores e nos corredores escolares que nossa indignação tem de ser colocada, pois ali, naquele muro das lamentações, não seremos vistos e nem ouvidos.
Infelizmente, a grande maioria de nossos professores carece de uma melhor formação política que lhes permita entender esse momento histórico em que estamos inseridos, com tantas mazelas, principalmente no que tange a questão educacional e, por isso, não sabem ou não querem ajudar a estancar essa ferida que cresce cada vez mais.
Infelizmente nosso sindicato, tem chamado seus sindicalizados somente na hora das greves ou paralisações, não se preocupando em usar sua estrutura, que não é pequena, para ajudar na formação crítica de nossos professores, com eventos e cursos de formação ( palestras com temas específicos ) ao longo de todo o ano , em suas subsedes ou até mesmo por região, onde estão inseridas grandes unidades escolares.
Construir um sindicato ainda mais forte e bem mais atuante cabe a todos nós professores. Se há críticas, e , elas existem, na forma de condução e atuação, é lá dentro dele que devemos expor. Se tivermos ideias de melhorá-lo, é lá dentro dele, nas reuniões, que devemos colocá-las e nos posicionarmos. Cada professor, em todo o estado, é a APEOESP. O sindicato são as pessoas, os professores e não apenas a sigla ou sua direção.
Os erros e acertos da APEOESP, também são de nossa responsabilidade. Criticar apenas de forma isolada e longe do sindicato, em nada ajudará na sua melhora e transformação e, conhecê-lo profundamente, suas instâncias, suas tendências, a disputa política interna, saudável e democrática, é o primeiro passo para quem sabe, conseguirmos mais e mais vitórias. Cada professor precisa e deve saber que as conquistas, por mais que pareçam pequenas, são sempre possíveis, desde que lute com garra e determinação.
Apesar de tudo, a greve iniciada em 19 de abril, traz uma esperança enorme, pois a participação espontânea de pais e alunos em todo o estado mostra que o projeto de educação, ora aplicado aqui em São Paulo, não está produzindo os resultados esperados e os índices educacionais mostram isso. Cabe a todos nós professores, participarmos com mais afinco e se somar com o restante da sociedade para denunciar , e apontar soluções, com todo o descaso que há em relação a educação.
Não basta parte da sociedade querer que haja mudanças e a maioria dos professores não descruzarem os braços e continuar a fazer o jogo do governo que é manter as crianças e jovens dentro das salas de aula, a qualquer custo, se preocupar com a qualidade do ensino que lhes é dada.
Terminada a greve, aliás, apenas uma batalha, pois a guerra continua a ser travada, torna-se necessária uma grande reflexão por parte de todos, dos que participaram ativamente ( comandos de greve, visita nas escolas, etc.) e dos que não participaram .
O que fazer para frear as ações do governo que sucateia cada vez mais a educação?
Temos que sentar à mesa e discutir os meios de organização que nos levará a fazer o nosso sindicato se fortalecer mais ainda, pois ainda é o nosso melhor instrumento de organização e de luta para fazer o enfrentamento frente às adversidades.
Oxalá, consigamos nos fortalecer, pois a sociedade espera e deseja de nós que os ajudemos a ter uma educação pública, laica e gratuita, que leve as nossas crianças e jovens a se tornarem os cidadãos e cidadãs de amanhã.
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