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sexta-feira, julho 27, 2012

Motivos para não abandonar a carreira


Luis Carlos de Menezes. Foto: Marina Piedade
Luis Carlos de Menezes é físico e educador da Universidade de São Paulo (USP)

Esta coluna tem comunicação direta com professores em condições bem diversas, pois NOVA ESCOLA fala com quem chega à escola de metrô, ônibus, barco, carro e bicicleta; com aqueles que carecem de materiais básicos e com quem acessa a internet em classe; com quem ainda não se formou e quem já se especializou. Por e-mail e em visitas a escolas, os diálogos que travo com docentes dão lições de esperança e de superação, mas também mostram por que alguns pensam em deixar a escola. 

Entre o fim do ano passado e o começo de 2012, me correspondi com um professor disposto a mudar de profissão. Desanimado, ele se queixava da carreira, mal estruturada e mal remunerada, da dificuldade de tratar com estudantes inquietos e famílias ausentes e da falta de políticas para apoiar seu trabalho. Cada uma das razões tem fundamento e, quando se somam, parecem justificar o desânimo de quem trabalha demais, ganha de menos e ainda leva a culpa por insucessos causados por razões estruturais. 

Como não concordo com a desistência diante dessas adversidades, tentei mostrar a ele que, a despeito disso tudo, vale a pena prosseguir. Portanto, vou tratar de cada um desses aspectos, pois podem servir de alento para professores que, à semelhança desse leitor, estejam cogitando abandonar a profissão. 

Começo pelo mais difícil: carreira. É fato que a ampliação do atendimento escolar no Brasil demandou enorme aumento no número de professores, com perda de status e salário. No entanto, a exigência da formação superior para todos os educadores e do piso nacional para sua remuneração, mesmo que não totalmente cumprida, já sinaliza um novo entendimento sobre o trabalho docente. Hoje, por exemplo, valorizamos quem trabalha na Educação Infantil, o que antes nem sequer era considerado profissão. Esse é ainda um caminho acidentado, que estamos pavimentando. 

Segundo problema: o atendimento a alunos inquietos. Lecionar para esse público requer difíceis mudanças de estratégia. Aliás, essas novas maneiras de ensinar - bem diferentes do que vimos em nossa formação - são necessárias para acompanhar o novo mundo do trabalho, que exige pessoas autônomas. Essa tarefa tem tornado o trabalho de educar muito mais criativo e estimulante. 

Por último, trato das políticas públicas. Os professores têm sido os reais protagonistas da reinvenção da escola. Afinal, o ensino deixou de ser linha de transmissão. O desejado, agora, é promover situações de aprendizagem e, para isso, os educadores precisam se aperfeiçoar. Nesse sentido, contam com o apoio de programas governamentais que facilitam o acesso à formação superior e a especializações. Já as políticas de avaliação escolar, apesar de estimularem discutíveis classificações de escolas, protegem os docentes de julgamentos por vezes arbitrários ao darem critérios de aferição do aprendizado. 

Enfim, há um difícil caminho ainda por percorrer, mas estamos no rumo certo. Os argumentos aqui reunidos retomam minha correspondência com leitores, suas conquistas e seus desencantos. No entanto, há outras dezenas de razões para continuarmos nossa tarefa. Muitas delas estão por trás de cada par de olhos que nos acompanham em aula. Ignorá-las seria abandonar as perspectivas de todos os nossos jovens, algo bem mais difícil do que contestar meus argumentos. Felizmente, eles foram aceitos pelo leitor que me escreveu. Eu me alegro em dizer que ele continua em sala de aula, desempenhando suas funções.


2 comentários:

  1. Mensagem de merda! O governo continua safado quanto aos professores, o salário continua ridículo e os alunos cada vez mais não querem nada com o esforço que o aprendizado exige! Tudo papo furado! "Novas metodologias de ensino"... Hahahaha!!! Como investir esforços em novas metodologias se o salário não paga nem as contas do mês?! Hein?????

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    1. Olá eu entendendo e vivo as suas angustias mas a sua revolta deve se direcionar ao governo pois ele sim é assumidamente o pior inimigo de nossa categoria...eu amo o que faço e as minhas revoltam so me motivam a lutar para melhorar a situação da nossa categoria...pense tbm na possibilidade de mudar de profissão to cansada de receber e ouvir gente reclamando desses problemas mas são na maioria pessoas que não levantam o rabo da cadeira nem para realizar um paralisação...obrigada pela visita e volte mais vezes,bjs.

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